AIDA BOAL, arquiteta

A escolha da profissão foi conseqüência natural de sua incoercível vocação para o desenho, tanto assim que já àquela época, como estudante, excursionou pelo campo da escultura (modelagem) e pintura, e deu, também, seus primeiros passos no terreno do “design” de móveis, estes no enlevo que povoaria mais tarde sua derivante dedicação. E não poderia ser de outra maneira, porque as duas atividades (arquitetura e “design” de móveis) são plenamente complementares. Senão vejamos:

Na arquitetura, quantas vezes nos deparamos com edificações nada harmônicas e que ferem profunda e diariamente nossa visão, nossa sensibilidade. De repente já está o monstrengo pessimamente projetado, em pleno centro da cidade, ali plantado como um mal irremediável.

Já o projeto bem concebido, este sim, vem ao encontro de nosso gosto, de nossa admiração, sobretudo de nossa ânsia de apreciá-lo detidamente, para concluirmos que seus blocos simétricos, sua concepção em formas limpas e bem delineadas, fazem, realmente, a festa dos nossos olhos.

 

 

 

Temos aí o exemplo típico do principal. O acessório surge no liame que existe entre a arte arquitetônica e sua roupagem, a qual se constitui nitidamente na pintura, escultura, alfaias em geral e, principalmente, em nosso caso, no mobiliário e deverá conter o sinete de qualidade, em forma e harmonia, dentro do interior onde ele será esteticamente pousado. Ao referir-me à sua forma anatômica, quero dizer conforto, e no que tange às suas linhas, há-de prevalecer, sempre, leveza e harmonia, a fim de constituírem, juntas, um fascínio para o observador.

Em sua atividade arquitetônica, ainda como estudante, Aída projetou e construiu, em sociedade com dois colegas, uma dezena de residências no Rio, valendo-se para tanto, do generoso apoio de seu estimado mestre Professor THALES MEMÓRIA.

Logo após concluir seu curso, recebeu de seu pai a incumbência de projetar e construir um edifício de quatro andares no Rio de Janeiro, tendo seu experiente progenitor estabelecido como única condição para confiar-lhe a tarefa, que seu encarregado de obras fosse mais moço do que ela, então com 22 anos, pois, do contrário, o sucesso da edificação seria a este creditado e não à jovem arquiteta.

No curso de seu itinerário profissional, convém ressaltar alguns projetos, os quais, entre outros, marcaram sua sensibilidade artística. Foi convidada pelo Professor CÂNDIDO MENDES para executar o projeto para a restauração do Convento do Carmo (séc XVI), então com características complementarmente diferentes da época em que D. Maria, a Louca, o habitou. Recebeu, com orgulho, durante a elaboração desse projeto, a aprovação do insigne arquiteto LÚCIO COSTA.

 

A partir daí intensificou sua atividade no campo de projetos e construções de residências no Rio de Janeiro, como também, premiada pela sua incontida vocação, começou a projetar e executar móveis, sempre com a preocupação de aliar a harmonia das formas com o conforto, esmerando-se, cada vez mais, na anatomia de seu traçado a fim de proporcionar o máximo de conforto possível.

Ivan Marinho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
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